segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A Revolução Industrial segundo Eric Hobsbawm

Para o historiador Eric Hobsbawm a Revolução Industrial ainda não teve o seu desfecho, pois ainda prossegue nos dias atuais. E a Grã- Bretanha não teve o pioneirismo na Revolução devido aos seus avanços científicos ou tecnológicos, pois outros países europeus encontravam-se afronte da Grã – Bretanha neste quesito. O que fez então com que a Grã – Bretanha detivesse o pioneirismo da Revolução? Para o historiador isto é simples de analisar, pois as condições pré-existentes para o surgimento dela já se encontravam presente na Grã-Bretanha um século antes de outros países, para darmos exemplo, é muito duvidoso que em 1750 ainda existisse um campesionato dono de terras em grandes partes da Inglaterra e é seguro que não podemos falar de uma agricultura de subsistência.

O país já dispunha de capitais e homens dispostos a investir no progresso econômico, além de possuir um setor manufatureiro e comércio bastante desenvolvido, transporte e comunicação eram bastante baratos e os problemas tecnológicos do começo da Revolução eram bastante simples necessitando apenas de homens com escolaridade comum e alguma familiaridade com dispositivos mecânicos simples. Fazendo com que as barreiras fossem de fácil superação. Mas o estopim para a Revolução Industrial foi a expansão dos mercados consumidores, senão realmente a criação destes visto que é o mercado que define aquilo que um homem de negócios produzirá. Essa expansão de mercados se deu através do mercado interno ou mercado externo além do governo.

O mercado interno por maior que fosse não significa um grande escoadouro para produtos industrializados. A diferença está não somente no aumento da população, mas principalmente no poder de compra desta na primeira metade do século XVIII. É provável que a renda inglesa tenha aumentado, as pessoas estavam em melhores condições de vida e podiam comprar mais; a crescente procura de alimentos e combustível fez com que investimentos fossem realizados em transportes, facilitando e barateando o transporte de produtos. Além do que o mercado interno com um maior poder de compra acabou por torna-se um grande escoadouro para produtos que mais tarde se tornariam em bens de capital como carvão vegetal que cresceu com o aumento das lareiras urbanas. O mercado interno tinha como principal vantagem o seu tamanho e consistência protegendo o país contra as oscilações do mercado externo.

O mercado externo desenvolveu-se em grande parte devido à grande marinha inglesa que com o aval do governo realizavam a destruição dos concorrentes além da conquista de novos mercados consumidores, fazendo desenvolver um comércio internacional onde a Grã-Bretanha exportava produtos industrializados e importava matérias-primas e alimentos. Desenvolvendo uma relação de interdependência de outros países com a Grã-Bretanha.

No início de sua produção industrial a Grã-Bretanha destacou-se na produção da indústria têxtil sendo esta o seu maior expoente, principalmente a indústria algodoeira que foi criada e alimentada pelo comércio colonial. As Índias Ocidentais forneciam os insumos para a indústria britânica e recebiam em troca tecidos de algodão com preços acima do mercado. Entre 1750 e 1769, a exportação de tecidos da Grã-Bretanha para o mundo aumentou mais de dez vezes. Por volta de 1840 as áreas consideradas “subdesenvolvidas” representavam o maior mercado consumidor para a exportação de tecidos de algodão, destacando-se a América Latina e as Índias Orientais. O algodão foi, portanto o combustível para que empresários e investidores se lançassem na Revolução Industrial que estava surgindo naquele momento.

Assim no início da Revolução Industrial a Grã-Bretanha criou um sistema de interdependência de outras regiões do mundo com ela. Onde ela fornecia os produtos manufaturados e recebia as matérias-primas vindas de áreas subdesenvolvidas, principalmente colônias, criando um capitalismo difícil de ser sustentado. Seu principal rival, já então, eram os Estados Unidos, vindo a seguir a França, a Confederação Germânica e a Bélgica. Embora essas economias adiantadas fossem parceiras comerciais da Grã-Bretanha e no início de sua industrialização dependessem de maquinário e mão de obra inglesa, estes não abriam mão do protecionismo, começando pelos Estados Unidos em 1816 e a maioria dos demais países adiantados a partir da década de 1880. As exportações britânicas para o “mundo adiantado” continuou a ser grande, mas começou a dar mostras de estacionar ou declinar.

Após 1873 a situação do mundo “avançado” foi de rivalidade entre os países desenvolvidos; e, além disso, entre países com relação aos quais somente a Grã-Bretanha tinha interesse essencial em total liberdade de comércio. Nem os Estados Unidos, nem a Alemanha, nem a França dependiam em grau substancial de volumosas importações de alimentos e matérias-primas.

Assim todos os países adiantados com exceção, em parte, da pequena Bélgica, achavam-se retardados no tocante a industrialização, mas já se fazia claro que se estes países e outros continuassem a se industrializar, a vantagem britânica diminuiria inevitavelmente. E assim aconteceu. No início da década de 1890, tanto os Estados Unidos como a Alemanha ultrapassaram a Grã-Bretanha na produção da mercadoria crucial da industrialização – o aço. A partir de então, a Grã-Bretanha passou a integrar um grupo de potências industriais, mas deixou de ter a liderança da industrialização. Na verdade, entre as nações industrializadas era a mais lenta e aquela que revelava sinais mais óbvios de declínio relativo.

Com o aumento da participação de outros países no comercio internacional e a perda de fôlego da indústria britânica devido ao seu declínio técnico e científico a Grã-Bretanha deixou ao longo dos anos de ser o protagonista da economia mundial para ser apenas um dos seus coadjuvantes.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

HOBSBAWM, Eric. Da Revolução Inglesa ao Imperialismo, Forense Universitaria, Rio de Janeiro.1969

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