sexta-feira, 13 de abril de 2012

OS MAIORES ERROS DA HUMANIDADE - 39 decisões que não deveríamos ter tomado


Este é o título da edição especial de outubro de 2011 da revista SUPER Interessante, que no tópico sobre economia, aborda o abandono do padrão-ouro. Entre 1815 e 1914, a economia global esteve alicerçada no chamado padrão-ouro, ou seja, o valor da moeda de cada país correspondia às reservas do metal precioso que ele mantinha. Era como se cada moeda nacional fosse meramente um nome para um determinado peso em ouro. Exemplos: o valor de um dólar equivalia a 1/20 de uma onça de ouro; o valor da libra esterlina era igual a um pouco menos de ¼; e assim por diante. Em parte, foi graças ao padrão-ouro que o mundo viveu, nesse período, uma forte expansão econômica marcada por estabilidade inflacionária e comércio recorde entre os países ricos, já que a moeda de cada um deles “valia ouro”.

Em 1914, no entanto, estourou a Primeira Guerra Mundial, e as potências econômicas mandaram às favas o padrão-ouro, pois precisavam emitir dinheiro – independentemente do lastro no metal – para financiar os altos custos do conflito. O erro foi exatamente a emissão do dinheiro, depois de décadas lastreando a moeda em reservas do metal precioso.

As consequências foram os processos hiperinflacionários, como o vivido pelos alemães, que ao final do conflito a quantidade de dinheiro em circulação no país havia quadruplicado e os preços tinham subido mais de 140%. E como perdedores da I Grande Guerra, ainda foram obrigados a pagar altas indenizações aos vencedores, consequentemente cinco anos depois, o Banco Central alemão já tinha emitido 496,5 quintilhões de marcos.
No auge da hiperinflação, eram necessários 5,6 trilhões de marcos alemães para comprar 1 quilo de manteiga; de 1923 a 1924 o Banco Central alemão foi obrigado a emitir cédulas de 100 trilhões de marcos. “A hiperinflação alemã foi provocada precisamente porque o governo não tinha como voltar ao padrão-ouro. Se a Alemanha tivesse condições de fazê-lo, os índices inflacionários provavelmente não teriam explodido desta forma”, diz André Villela, professor de Economia da FGV-Rio.
Dinheiro sem valor virava brinquedo de criança na Alemanha
Outra consequência foi o desequilíbrio monetário, que ajudou a provocar a crise de 1929. Os vencedores da I Guerra (EUA, Reino Unido e França), logo readotaram o padrão-ouro e recomeçaram a conviver com um cenário de deflação*. Para os americanos a expansão monetária foi muito boa, porém o crescimento econômico desordenado, o fato de o consumo não ter acompanhado a produtividade da época e o liberalismo econômico sem freio na bolsa, foram fatores que levaram à crise de 1929, empurrando o mundo todo para dentro do mais longo período de recessão econômica do século 20.
Mas, se um dia o padrão-ouro serviu para regular o valor entre as moedas, hoje ele não parece fazer mais sentido. “É só pensar: manter o padrão-ouro consistia em desenterrar o metal em uma mina (...) para enterrá-lo de novo nos cofres dos bancos. (...) Com a única função de fazer as pessoas acreditarem que o dinheiro de papel que elas carregavam não era só papel.” Escreve o jornalista Alexandre Versignassi em Crash – Uma Breve História da Economia.